quarta-feira, 6 de junho de 2018

Os Sertões


OS SERTÕES - EUCLIDES DA CUNHA
                                                  O sertanejo é, antes de tudo, um forte”
“Os Sertões” é uma das obras mais emblemáticas do escritor pré-modernista Euclides da Cunha (1866-1909), publicada em 1902. A obra narra os acontecimentos da Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro (1830-1897), ocorrida no interior da Bahia no período compreendido entre 1896 e 1897. Essa obra representa um marco da literatura e na história do Brasil.
É um relato histórico e literário, uma vez que a campanha militar descrita na obra “Os Sertões” contou com a participação do escritor e jornalista Euclides da Cunha, convidado pelo Jornal Estado de São Paulo para cobrir a guerra no Arraial de Canudos. Sua obra reúne história, literatura e jornalismo.
Trata-se de uma prosa científica, artística e de caráter crítico, sendo que desmistifica a visão idealista do índio herói e do negro trabalhador, abordado com entusiasmo pelos escritores do romantismo.
Os Sertões” é considerada como a primeira grande interpretação da realidade brasileira que, buscando compreender o meio áspero em que vivia o jagunço do sertão nordestino, denunciava uma campanha militar que investia contra o fanatismo religioso advindo da miséria e do abandono do homem do sertão.
A obra “Os Sertões” foi desenvolvida em três partes: A Terra, O Homem e A Luta.
         1ª PARTE -  A Terra: Descrição detalhada do cenário em que se desenrolou a ação - o sertão nordestino. O autor destaca as características do lugar, o clima, o solo, o relevo, a fauna, a flora, a seca que assola a região.


       2ª PARTE - O Homem: Descrição do sertanejo, da sua relação com o meio, sua gênese etnológica, sua resistência, suas crenças e costumes, bem como as condições de vida e resistência.  Há ainda o foco na figura de Antônio Conselheiro,  líder de Canudos.
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. […] esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se.” 
     3ª PARTE - A Luta: Relato sobre as quatro expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra.
O livro retrata o absurdo de um massacre que começou por um motivo tolo, pois havia a suspeita de que os “monarquistas” de Canudos, liderados por seu “famigerado e bárbaro” líder tinham apoio externo. Canudos causou a ira dos governantes do Brasil por que Conselheiro pregava contra a República e instigava os jagunços contra o governo. Assim, ocorreram o que Euclides chamou de "...loucuras e crimes das nacionalidades" referindo-se aos os crimes cometidos pela República contra os sertanejos. “No final, foi apenas um massacre violento onde estavam todos errados e o lado mais fraco resistiu até o fim com seus derradeiros defensores – um velho, dois adultos e uma criança”. De acordo com o autor, quem teve uma resistência feroz foram os defensores:  do Arraial.




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