terça-feira, 10 de julho de 2018

Regência verbal




REGÊNCIA VERBAL
Meditação


Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Entao sonhou, sonhou...
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais

Quem, no coraçao
Abrigou a tristeza de ver tudo        
 isto se perder
E, na solidao
Procurou um caminho e seguiu,
Já descrente de um dia feliz

Quem chorou, chorou
E tanto que seu pranto já secou
Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
E a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou
Adicionar à playlist
Tamanho


Composição: Newton Mendonça / Tom Jobim
Disponível em: https://www.letras.mus.br/tom-jobim/49049.

A regência de um verbo é determinada por sua relação com seu complemento. O verbo é o termo regente ou subordinante e o complemento é o termo regido ou subordinado.  
Observe:
                Quem acreditou no amor, no sorriso, na flor.
                        Termo regente                Termo regido
                                VTI                         OBJ. INDIRETO
REGER é determinar a flexão de um termo, que neste caso é o complemento, já que o verbo é o termo regente.
Há uma dependência sintática entre o termo regente (Acreditou) e o termo regido (no amor, no sorriso, na flor), uma vez que o último completa o sentido do primeiro.
Outros exemplos:  Ana Júlia assistiu um paciente no hospital onde trabalha.
                               Ana Paula assistiu ao jogo da seleção brasileira.    
                               Alan assiste em São Luís.                                                                                                                                                 
Observe que na primeira oração o verbo assistir é transitivo direto, ou seja, exige complemento (objeto direto) e tem significado aproximado de “prestar assistência”.
Na segunda oração o verbo “assistir” é transitivo indireto, ou seja, exige complemento, porém precedido de preposição e significa “ver/presenciar/olhar”.
Na terceira oração o verbo “assistir” é transitivo indireto, ou seja, exige complemento, precedido de preposição e significa  e significa “residir/morar”.

OBSERVAÇÂO:

Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as e suas variações la, lo, los, las, no, na, nos, nas  - são objetos diretos.
 Os pronomes lhe, lhes  - são objetos indiretos.
Exemplos: Marina falou que iria comprar uma sandália. Marina falou que iria comprá-la. (Marina falou que iria comprar o quê?) La (algo – uma sandália).
Marina explicou à vendedora o que queria comprar. Marina explicou-lhe o que queria comprar. (Mariana explicou para quem?) Lhe (para a vendedora) objeto indireto precedido de preposição.


REFERÊNCIA:  CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Portugês: linguagens,3. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. (com adaptações)




Regência de alguns verbos (que exigem preposição)
Agradar - quando significa contentar, satisfazer (agradar a).
EX: Nem Jesus agradou a todos.
Aspirar – no sentido de desejar, pretender, ambicionar (aspirar a).
EX: Clara aspira a um bom emprego.
Avisar, comunicar, advertir, ...- com sentido de informar com antecedência (avisar a, comunicar a, advertir a, prevenir a,…).
EX: Avisei aos alunos que haveria prova hoje.
        Comunicamos aos pais que todos devem participar da educação dos filhos.
        Adverti aos candidatos que as regras devem ser obedecidas.
Chegar, ir e voltar - indicam movimento, destino ou direção (ir a, ir de, ir para, voltar a, voltar de, voltar para, chegar a, chegar de, chegar para).
EX: Fui ao shopping.
       Voltei do shopping.
       Cheguei do shopping.
Comparecer - quando indica local (comparecer a ou comparecer em).
EX: Compareci ao escritório no domingo para resolver um problema.
Esquecer-se e lembrar-se - quando verbos pronominais (esquecer-se de, lembrar-se de).
EX: Não se esqueça do combinado.
Lembre-se de que estarei á sua espera.
Morar e residir - quando indicam local (morar em, residir em).
EX:   Eu moro em São Luís.
         Eu resido em São Luís.
Pagar -  quando se paga a uma pessoa, não uma coisa (pagar a).
EX: Paguei a meu amigo, o valor que lhe devia.
Perdoar -  quando se perdoa refere a pessoa, não a uma coisa (perdoar a).
       EX: Perdoei aos inimigos.
Preferir - quando se prefere algo a alguma coisa (preferir a).
EX: Eles preferem sanduíche a salada.
Querer - no sentido de estimar, de querer bem (querer a).
    EX: Quero muito a meu amado.
Responder - quando se responde a alguém ou a alguma coisa (responde a).
   EX: Ele respondeu ao questionário feito na entrevista.
Simpatizar: quando se refere a alguém, bem como incomodar (simpatizar com).
EX:   Não simpatizamos com essa pessoa.



 



 





Progressão referencial e operadores argumentativos



Referenciação é o processo pelo qual se introduzem referentes (termos que se referem a outras palavras) no texto. A retomada desses elementos ao longo do texto é denominado progressão referencial.

 Operadores argumentativos  são termos utilizados para correlacionar partes de um texto, a fim de permitir que a direção argumentativa que se pretende tomar fique subentendida.

A progressão referencial pode ser feita com o uso de:
  • formas com valor pronominal: ele, ela, esse, essa, etc.;
  • advérbios e expressões adverbiais locativas: aqui, lá, ali, etc.;
  • sinônimos do termo retomado;
  • termos genéricos que abrangem em algum sentido o termo retomado;
  • elipses - omissões do termo retomado.

Os operadores argumentativos têm sentidos variados, relacionados à finalidade com que são utilizados, como:
  • assinalar  um argumento mais forte: até, até mesmo, mesmo, inclusive;
  • unir argumentos convergentes: e, também, ainda, nem, não só, mas também, tanto... como, além disso, além de, etc.;
  • introduzir uma conclusão relacionada ao que foi exposto anteriormente: portanto, logo, por conseguinte, em decorrência, etc.;
  • estabelecer uma comparação: mais...(do) que, menos (do) que, tão... quanto;
  • introduzir uma justificativa ou explicação relacionada ao que foi expresso anteriormente: já que, pois, uma vez que, etc;
  • contrapor argumentos que apontam para conclusões opostas: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, no entanto, apesar de, ainda que, etc.

 Fonte: CEREJA, William Roberto et al. Português contemporâneo: diálogo, reflexão e uso.vol. 3 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.





Orações coordenadas e o papel das conjunções


ORAÇÕES COORDENADAS: orações sintaticamente independentes.

São ligadas por conectivos ou justapostas, ou seja, separadas por vírgula.


 O jogador deu entrevista    e despediu-se em seguida.
            1ª oração                                        2ª oração

OBS: A 2ª oração não está encaixada na 1ª, não funciona como termo da oração anterior, não se relaciona sintaticamente com nenhuma palavra da 1ª oração.

CLASSIFICAÇÃO DAS COORDENADAS: sindéticas e assindéticas.

- Sindéticas: são orações coordenadas introduzidas por conjunção.
Exemplo: Deve ser aprovado, pois estudei muito.

- Assindéticas: são as orações coordenadas que não são introduzidas por conjunção.
Exemplo: Tudo passa, tudo corre: é a lei.

ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS

As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com a conjunção coordenativa que as introduz. Podem ser:

- ADITIVAS: estabelecem ideia de adição, soma.
Exemplo: Não danço  nem canto.

São conjunções aditivas: e, nem, mas também.

- ADVERSATIVAS: estabelecem oposição, adversidade.
Exemplo: Gostaria de ter viajado, mas não pude.

São conjunções adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.

- ALTERNATIVAS:
estabelecem alternância.
Exemplo: Faça o que mando ou será punido.

São conjunções alternativas: ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, siga...siga.

- CONCLUSIVAS:
estabelecem conclusão.
Exemplo: São todos estudiosos, logo serão bem sucedidos.

São conjunções conclusivas: portanto, logo, por isso, pois, assim.

- EXPLICATIVAS: estabelecem explicação.
Exemplo: Senti frio, porque estava sem agasalho.

São conjunções explicativas: que, porque, pois, porquanto.

O PAPEL DAS CONJUNÇÕES

É preciso que se dê muita importância às conjunções, que não devem ser vistas como meros conectivos (palavras aparentemente sem carga significativa que ligam outras palavras ou orações), mas como elementos capazes de estabelecer relações de significado.
A troca de uma conjunção por outra pode alterar completamente a relação de significado existente entre as orações de uma frase. Observe:
Todos os seres humanos são iguais, nenhum é superior ou inferior aos outros.


Nesse caso, as duas orações estão simplesmente justapostas, isto é, não estão relacionadas por nenhuma conjunção.
A presença de uma conjunção ligando as orações vai estabelecer entre elas um nexo lógico, ou seja, uma relação de significado.
1. Todos os seres humanos são iguais e nenhum é superior ou inferior aos outros. (a conjunção e estabelece entre as orações uma relação de adição)
2. Todos os seres humanos são iguais, portanto nenhum é superior ou inferior aos outros. (a conjunção portanto estabelece entre as orações uma relação de conclusão)
3. Todos os seres humanos são iguais, porque nenhum é superior ou inferior aos outros. (a conjunção porque estabelece entre as orações uma relação de causa e efeito)
O uso inadequado de uma conjunção poderá comprometer o sentido da frase. Se, por exemplo, as orações acima estivessem relacionadas pela conjunção mas (Todos os seres humanos são iguais, mas nenhum é superior ou inferior aos outros), teríamos uma frase incoerente, já que as ideias constantes nas duas orações não permitem uma relação de contradição.



Interpretação textual


DICAS PARA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 

1 Separar fato e opinião. Separe fato de opinião, assim fica mais fácil ler de forma crítica. Se o trecho lido pode ser comprovado, é fato; se pode ser refutado, trata-se de opinião. Há palavras como advérbios, adjetivos, pronomes que são marcas de opinião. É interessante também pensar em opiniões que se opõem à que foi lida para exercitar a capacidade argumentativa. 

2 Encontrar pistas textuais. Um texto traz pistas contextuais, por isso, ao ler uma palavra desconhecida, o leitor não deve ir correndo consultar o dicionário. Antes disso, deve tentar descobrir o seu significado, analisando como essa palavra é usada no contexto em que se encontra e que outras palavras da mesma sentença podem ajudar a descobrir o sentido produzido. 

3 Extrair a ideia central. Quando o texto é uma notícia, é preciso extrair a ideia central e identificar as secundárias, ou seja, os detalhes que nos ajudam a entender a informação mais importante. Para isso, é fundamental fazer é fundamental fazer as seguintes perguntas: O quê? Onde? Por quê? Quando? Quem? Que quantidade? Como? 

4 Distinguir causa de consequência. Alguns gêneros textuais abordam relações de causa e consequência. Um leitor habilidoso busca reconhecer esses diferentes eventos e separá-los. Para isso, pergunta-se: que evento motiva o outro? A resposta a essa pergunta é a causa, a razão que provoca outro evento. Se o texto não traz as causas de forma explícita, é possível reconhecê-las acionando o conhecimento de mundo. 

5 Levantar hipóteses de leitura . Ao ler um trecho qualquer de um texto, informações são dadas ao leitor. Um leitor habilidoso reflete sobre o que leu e formula hipóteses sobre o que acontecerá. Mas atenção, é preciso sempre checar se as hipóteses levantadas são válidas. Para isso, pergunte sempre: A expectativa se confirmou?", pois muito do que prevemos não se confirma.