PRÉ-MODERNISMO
“Creio que se pode chamar pré-modernismo (no sentido forte de premonição dos temas vivos em 22) tudo o que, nas primeiras décadas do século, problematiza a nossa realidade social e cultural. (...) Caberia ao romance de Lima Barreto e de Graça Aranha, ao largo ensaísmo social de Euclides da Cunha e à vivência brasileira de Monteiro Lobato o papel histórico de mover as águas estagnadas da belle époque, revelando, antes dos modernistas, as tensões que sofria a vida nacional”.
(BOSI, Alfredo. "História concisa da
literatura brasileira". São Paulo: Cultrix, 1994. p. 306.)
Começa a independência artística do
Brasil!
Imagens disponíveis em: https://www.google.com/search=semana+de+arte+moderna.
SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
Participantes: Escritores, artistas plásticos, arquitetos e músicos.
Principal objetivo: Apresentar uma estética inovadora/independência cultural, pautada nas
vanguardas artísticas europeias.
O evento: Comemoração do centenário da Independência do Brasil.
Dança, música, exposições e recital de
poesias.
União entre diferentes manifestações artísticas: pintores, escultores,
músicos, escritores.
Discussões em torno de uma nova arte.
Repercussão :
chocou o tradicionalismo vigente.
CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO
• Não se constituiu uma escola
literária, estruturada e organizada em um programa estético definido.
. Foi um fato artístico, um momento
importante do desenvolvimento das letras brasileiras, pois antecipou temática e formalmente
as manifestações modernistas;
• Trata-se de um período de transição, em que
os escritores, apesar de ainda guardarem traços das estéticas realista,
naturalista ou parnasiana, expressaram um viés crítico, explorado
posteriormente pelos modernistas;
• Marca a transição entre a tradição
literária (século XIX) e sua ruptura radical (Semana de Arte Moderna),
(século XX), considerada
o marco inicial do Modernismo brasileiro e o fim do período denominado
Pré-Modernismo;
• A busca de uma linguagem mais simples e
coloquial;
• As obras literárias defendiam
uma arte mais engajada e voltada para os problemas sociais;
• Temas abordados: fatos históricos, políticos, econômicos e
sociais;
. Tipos humanos marginalizados:
o sertanejo nordestino, o caipira, o mulato e os funcionários;
AUTORES PRÉ-MODERNISTAS
• Euclides da Cunha retoma a
vertente regionalista da literatura brasileira de modo crítico, polêmico,
problematizador. Na obra Os sertões, Euclides da Cunha aborda o encontro
de dois mundos, o litoral civilizado e o sertão inculto - a Guerra de Canudos
(Bahia 1896-1897).
•Lima Barreto: (Triste Fim de Policarpo
quaresma) - Obra pré-modernista que reflete forte sentimento nacional e grande
consciência crÍtica de problemas brasileiros.
O protagonista propõe a construção de uma pátria a
partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do
solo e a pureza linguística, mas sofre uma frustração ideológica.
• Monteiro Lobato: nacionalismo,
literatura infantil, contos regionalistas, criação do personagem Jeca Tatu
(estereótipo do caboclo abandonado pelas autoridades governamentais) e ensaios
e artigos que apresentam sérias preocupações econômicas e históricas;
• Augusto dos Anjos (livro EU)
– aspectos temáticos: a angústia, o medo, a solidão, o determinismo
biológico, a sonoridade das palavras, a perfeição do verso e a aproximação com
a morte, vocabulário incomum, multiplicidade de influências literárias e visão
de cosmo.
CONTEXTO
HISTÓRICO
Os acontecimentos que influenciaram as obras literárias
pré-modernistas, tornando-as mais engajadas e voltadas para os problemas
sociais: Primeira Guerra Mundial, enfraquecimento da República Velha -
“política do café com leite”, a Guerra de Canudos.
OBRAS PRÉ-MODERNISTAS

OBRAS PRÉ-MODERNISTAS
Os Sertões - Euclides da Cunha
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”
“Os
Sertões” é uma das obras mais emblemáticas do escritor
pré-modernista Euclides da Cunha (1866-1909), publicada em 1902. A obra narra
os acontecimentos da Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro
(1830-1897), ocorrida no interior da Bahia no período compreendido entre 1896 e
1897. Essa obra representa um marco da literatura e na história do Brasil.
É um relato histórico e literário, uma vez que a
campanha militar descrita na obra “Os Sertões” contou com a participação do
escritor e jornalista Euclides da Cunha, convidado pelo Jornal Estado de São
Paulo para cobrir a guerra no Arraial de Canudos. Sua obra reúne
história, literatura e jornalismo.
Trata-se de uma prosa científica,
artística e de caráter crítico, sendo que desmistifica a visão idealista do
índio herói e do negro trabalhador, abordado com entusiasmo pelos escritores do
romantismo.
“Os
Sertões” é considerada como a primeira grande interpretação da
realidade brasileira que, buscando compreender o meio áspero em que vivia o
jagunço do sertão nordestino, denunciava uma campanha militar que investia
contra o fanatismo religioso advindo da miséria e do abandono do homem do
sertão.
A
obra “Os
Sertões” foi
desenvolvida em três partes: A Terra, O Homem e A Luta.
1ª PARTE - A Terra: Descrição detalhada do cenário em que se desenrolou a
ação - o sertão nordestino. O autor destaca as características do lugar, o
clima, o solo, o relevo, a fauna, a flora, a seca que assola a região.
2ª PARTE - O Homem: Descrição do sertanejo, da sua
relação com o meio, sua gênese etnológica, sua resistência, suas crenças e
costumes, bem como as condições de vida e resistência. Há ainda o foco na figura de Antônio
Conselheiro, líder de Canudos.
“O
sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos
mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista,
revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura
corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto.
Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. […]
esta aparência de cansaço ilude. Nada é
mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização
combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento
de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O
homem transfigura-se.”
3ª PARTE - A Luta: Relato sobre as quatro expedições a
Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da fome, da
peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra.
O livro retrata o absurdo de um
massacre que começou por um motivo tolo, pois havia a suspeita de que os
“monarquistas” de Canudos, liderados por seu “famigerado e bárbaro” líder
tinham apoio externo. Canudos causou a ira dos governantes do Brasil por que
Conselheiro pregava contra a República e instigava os jagunços contra o
governo. Assim, ocorreram o que Euclides chamou de "...loucuras e crimes das nacionalidades" referindo-se
aos os crimes cometidos pela República
contra os sertanejos. “No final, foi apenas um massacre violento onde
estavam todos errados e o lado mais fraco resistiu até o fim com seus
derradeiros defensores – um velho, dois adultos e uma criança”. De acordo com o
autor, quem teve uma resistência feroz foram os defensores: do Arraial.
Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto
“O que ele tem de mais característico, no entanto,
é a sua filosofia de vida .[..] Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da
pátria tomou-o todo inteiro".

História de um nacionalista fanático que, quixotescamente, tenta resolver
sozinho, os males sociais de seu tempo, Triste Fim de Policarpo Quaresma, obra mais famosa de Lima Barreto (1881-1922),
condensa em si muitas das características que consagraram seu autor como o
melhor de seu tempo, situado no Pré-Modernismo.
Publicada inicialmente em folhetins do
Jornal do Comércio entre agosto e outubro de 1911 e depois em livro em 1916, essa
obra é um dos maiores clássicos da literatura brasileira do período. A história tem início
em fins do século XIX e ambientada na cidade do Rio de Janeiro. O personagem
principal, Policarpo Quaresma, motiva seu engajamento em três diferentes
projetos voltados para os setores cultural, agrícola e político, que objetivam
“reformar” o país.
Nacionalista
ingênuo e fanático que lidera um grupo de oposição no início da República, Quaresma
era um funcionário público que pretendia valorizar a cultura do país, brigou por ela a vida toda e foi condenado à
morte injustamente por valores que defendia.
Não
tendo podido ser militar, tornou-se um burocrata, chegando ao cargo de subsecretário
do Arsenal de Guerra, por isso era conhecido como Major Quaresma. Uma de suas
ações nesse cargo foi propor ao Ministro que declarasse o Tupi - Guarani como a
língua oficial do Brasil.
Após esse evento, Quaresma é considerado
louco e permanece um tempo internado. Durante esse período recebe a visita de Olga,
seu compadre e o professor de violão, Ricardo Coração dos Outros, os únicos que
acreditam em suas ideias.
Após sair do hospital psiquiátrico, ele se
afasta da sociedade e passa a viver no “Sítio do Sossego”, localizado na cidade
interiorana de Curuzu. Lá se dedica ao cultivo da agricultura e, com o tempo, começa
a se aproximar de algumas pessoas.
Durante a Revolta da Armada ele vai ao Rio de
Janeiro, com o intuito de apoiar o governo do Marechal Floriano que estava
sendo enfrentado pela Marinha do país, mas acaba preso e acusado de traição
pelo Marechal. Desiludido com a falta de patriotismo do povo, Quaresma encontra
na figura do presidente um totalitário e cruel ditador que o condena ao
fuzilamento.